terça-feira, 24 de abril de 2012

Vamos nos antecipar às tragédias?


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, no limiar de mais um ato de pura violência gratuita e covarde, como a praticada na noite da última segunda-feira, em São Luís, no Maranhão, contra o colega Décio Sá, solidariza-se com a família do mesmo; faz coro à entidade co-irmã de São Luís-MA, assim como às denúncias da nota acima encaminhada pela Federação Nacional dos Jornalistas – como a federalização de crimes contra jornalistas –, por entender se tratar de um crime contra a liberdade de expressão.

Mais triste que isso, no entanto, é ver que, embora o Sindijor-PR e o Sindicato dos Jornalistas de Londrina tenham alertado e apresentado uma proposta de garantias mínimas à segurança dos jornalistas paranaenses no exercício profissional, sugestão encaminhada nas negociações pela renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), os empresários de comunicação fizeram “ouvidos moucos” e descartaram a proposta.

Ao invés de pensar em antecipar cenários e melhor proteger sua força de trabalho, os empresários “apostam” na sorte de seus funcionários. Os jornalista diariamente se expõem em cobertura da violência urbana; ao cumprir o papel de denunciar o desvio de conduta de ocupantes de cargos eletivos ou funcionários de carreira que subtraem o erário; e até mesmo na cobertura esportiva, visto as últimas implicações da ação dos vândalos que se colocam como “torcedores”; trabalham para o conjunto da sociedade, suas empresas e não recebem um mínimo de proteção. No Paraná, é rara a empresa que concede botas para enfrentamento das enchentes; coletes a prova de balas para profissionais que estão em áreas de conflito; ou garantem a proteção de quem se encoraja em denunciar desvios de conduta dos mandatários do Estado ou municípios.

Depois de reportagem que colocou a olho nu os desvios na Assembleia Legislativa do Paraná, jornalistas dos maiores veículos do Paraná foram ameaçados de morte. A fachada de uma das emissoras do mesmo grupo, situada numa cidade do interior, foi alvejada. Mesmo com tantos avisos, na mesa de negociação a proteção da vida dos seus jornalistas foi tratada como “mais um custo”.

É hora de a categoria levantar essa e outras bandeiras. Chega de esperar a tragédia para chorar a perda sem volta. Jornalistas precisam de maior proteção no seu fazer profissional.

Márcio Rodrigues
Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

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